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terça-feira, 2 de novembro de 2010

APLICATIVO AJUDA A MONITORAR A DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA EM DIVERSAS PARTES DO PLANETA


A falta de acesso a água potável em locais como o África subsaariana já se tornou uma questão conhecida e combatida por governos e ONGs de todo o planeta. E uma das ferramentas mais utilizadas para garantir o acesso à água nessas comunidades é o poço. O problema, segundo o CEO da Water for People, Ned Breslin, é que atualmente até 60% desses equipamentos encontram-se quebrados ou disfuncionais.
Ele conta que depois que os poços são construídos, a população faz festas e celebra a novidade e os doadores ficam felizes e orgulhosos de sua boa ação. O problema vem depois, quando a falta de manutenção faz com que o equipamento se transforme em uma ruína em pouco tempo.
Para ajudar a acabar com esse cenário, a organização criou o Flow – um aplicativo que ajudar a identificar e divulgar esses locais e garantir que os poços sejam consertados no mínimo de tempo possível. Com ele, é possível que qualquer pessoa tire uma foto de um poço e publique a informação no Google Earth e Google Maps para que qualquer um veja a situação local.
Assim, membros da comunidade, empresários, professores, parceiros, funcionários, voluntários ou qualquer cidadão disposto a colaborar podem recolher dados com um celular com Android e compartilha-lo com o resto do mundo.
Segundo Breslin, a iniciativa é fundamental para que os poços não apenas existam, mas seja úteis e funcionais por muitos anos. "Eu quero saber que ainda estamos fornecendo água não só um ano a partir de hoje, mas daqui a 10 anos", disse em entrevista a Reuters.
Novo modelo de filantropia
A tecnologia também pode ser utilizada por postos de saúde rurais para informar sobre as doenças que estão atingindo a população local, quais os medicamentos e materiais necessários, ou quantos nascimentos ocorreram em um determinado período. Ela ainda pode ajudar os agricultores a avaliar melhor os mercados agrícolas e saber, por exemplo, qual o valor de venda dos grãos naquele dia.
E isso não é à toa. Para Breslin, um novo modelo de filantropia está surgindo com os novos aparatos tecnológicos e mostrando que é possível unir o planeta em prol de grandes causas com o uso de plataformas como o Flow. "Nós divulgamos a pobreza e logo depois esquecemos daquela comunidade. E eu quero incentivá-las para que tenham água [e outros bens] para sempre", completou.

Reportagem retirada na íntegra DAQUI. Confiram

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

PLANETA PERDEU 30% DE RECURSOS NATURAIS


Em menos de 40 anos, o mundo perdeu 30% de sua biodiversidade. Nos países tropicais, contudo, a queda foi muito maior: atingiu 60% da fauna e flora original. Os dados são do Relatório Planeta Vivo 2010, publicado a cada dois anos pela organização não governamental WWF.
O relatório, cujas conclusões são consideradas alarmantes pelos ambientalistas, é produzido em parceria com a Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, na sigla em inglês) e Global Footprint Network (GFN).
'Os países pobres, frequentemente tropicais, estão perdendo biodiversidade a uma velocidade muito alta', afirmou Jim Leape, diretor-geral da WWF Global. 'Enquanto isso, o mundo desenvolvido vive em um falso paraíso, movido a consumo excessivo e altas emissões de carbono.'
A biodiversidade é medida pelo Índice Planeta Vivo (IPV), que estuda a saúde de quase 8 mil populações de mais de 2,5 mil espécies desde 1970.
Até 2005, o IPV das áreas temperadas havia subido 6% - melhora atribuída à maior conservação da natureza, menor emissão de poluentes e melhor controle dos resíduos. Nas áreas tropicais, porém, o IPV caiu 60%. A maior queda foi nas populações de água doce: 70% das espécies desapareceram.
Consumo desenfreado. A demanda por recursos naturais também aumentou. Nas últimas cinco décadas, as emissões de carbono cresceram 11 vezes.
O relatório afirma que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 33 países em geral desenvolvidos, são responsáveis por 40% da pegada de carbono global, e emitem cinco vezes mais carbono do que os países mais pobres.
Comparados a ela, os BRICs (grupo formado pelos países emergentes Brasil, Rússia, Índia e China) têm o dobro da população e uma menor emissão de carbono per capita. O problema, alerta o relatório, é se os BRICs seguirem no futuro o mesmo padrão de desenvolvimento e consumo da OCDE.
Índia e China, por exemplo, consomem duas vezes mais recursos naturais do que a natureza de seu território pode repor. Atualmente, os países utilizam, em média, 50% mais recursos naturais que o planeta pode suportar. Se os hábitos de consumo não mudarem, alerta o relatório, em 2030 se estará consumindo o equivalente a dois planetas.
Em resposta ao levantamento de 2008, a WWF elaborou um modelo de soluções climáticas, em que aponta seis ações concretas para reduzir as emissões de carbono e evitar maiores perdas de biodiversidade.
Entre elas, a organização aponta a necessidade de investir em eficiência energética, novas tecnologias para gerar energia com baixa emissão de carbono, adotar a política de redução da pegada de carbono e impedir a degradação florestal.


Dida Sampaio 
Estadao. Atualizado: 13/10/2010. Veja a mataria completa Aqui.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

TERRA DE GIGANTES


ALMAIR A. FERNANDES

Cangurus de 2 metros de altura, herbívoros do tamanho de um rinoceronte, aves enormes incapazes de voar e um predador que podia dar conta de todos esses animais. Com a chegada dos seres humanos, a variada megafauna que habitava a Austrália desapareceu. Os cientistas procuram agora descobrir: esses animais foram vítimas de uma caçada humana ou da Era Glacial?


As Grutas Naracoorte ficam na bucólica região vinícola da Austrália do Sul, a quatro horas de carro de Adelaide por estradas solitárias que conduzem ao oceano Meridional. As videiras prosperam no solo avermelhado que recobre o calcário poroso como uma camada de glacê. Embora belíssima, essa região também pode ser traiçoeira. O terreno está repleto de buracos, muitos do tamanho de uma mesa pequena, conhecidos como fojos, ou armadilhas de covas. Os buracos são profundos e se estendem até cavernas envoltas nas trevas mais absolutas. Tais fojos já engoliram muitos cangurus que se moviam aos saltos durante a noite.
             Um dia, em 1969, Rod Wells, um caçador de fósseis principiante, foi a Naracoorte para explorar uma caverna chamada na época de gruta Victoria. Essa era uma antiga atração turística, dotada de escadarias, corrimãos e iluminação elétrica. Mas Wells e meia dúzia de companheiros avançaram além da parte turística, abrindo caminho por galerias estreitas e escuras. Quando notaram uma brisa sugestiva soprando de um monte de cascalho, sabiam que havia uma câmara mais adiante.
              Wells e um de seus companheiros se espremeram por uma fresta e deram em um salão imenso, cujo extenso piso de terra vermelha estava atulhado de objetos estranhos. Wells levou um instante até perceber o que tinha diante dos olhos. Ossos, muitos ossos. Os restos mortais de incontáveis vítimas dos fojos.
A gruta de fósseis Victoria, como é conhecida agora, abriga ossadas de cerca de 45 mil animais. Alguns dos ossos mais antigos pertenciam a criaturas bem maiores e mais temíveis que quaisquer espécies hoje existentes na Austrália. Essas criaturas formavam a antiga megafauna australiana - imensos animais que vagavam pelo continente durante a era pleistocênica.
Em outros depósitos de ossos similares dispersos por toda a Austrália, os cientistas já toparam com fósseis de uma serpente gigante; uma imensa ave incapaz de voar; uma criatura parecida com um marsupial mas tão grande quanto um rinoceronte; e um canguru com 2 metros de altura e um focinho estranhamente achatado.
Também encontraram restos de um bicho que lembra uma anta; um monstro com aparência de hipopótamo; e um lagarto que media 6 metros e devorava suas presas até a última pena.
Essa megafauna dominava os ecossistemas em que vivia - mas aí ela desapareceu em um surto de extinções que eliminou quase todos os animais que pesavam mais de 45 quilos. O que, exatamente, provocou esse extermínio em massa?
Considerando tudo o que já foi dito sobre o fim dos dinossauros, é um tanto intrigante que não se tenha dedicado igual atenção à megafauna do Pleistoceno - afinal, eram criaturas com a qualidade dupla de serem extraordinariamente grandes e terem convivido com os seres humanos. Os homens pré-históricos jamais arremessaram lanças contra nenhum Tyrannosaurus rex, a não ser em histórias em quadrinhos. Por outro lado, sabemos com certeza que caçaram mamutes e mastodontes.
O desaparecimento da megafauna americana - mamutes, camelídeos, ursos gigantescos de focinho curto, tatus enormes, bois-almiscarados-do-bosque, gliptodontes, tigres-de-dente-de-sabre, lobos pré-históricos, preguiças e equinos imensos, entre outros - ocorreu logo após a chegada dos seres humanos ao continente, por volta de 13 mil anos atrás. Na década de 1960, o paleoecologista Paul Martin desenvolveu o que ficaria conhecida como a “hipótese da blitzkrieg”, ou seja, da ofensiva relâmpago. Segundo Martin, os seres humanos modernos provocaram devastação à medida que se dispersavam pelas Américas, usando lanças com ponta de pedra para dizimar animais que jamais haviam se defrontado com um predador tecnológico. Mas esse surto de extinção não foi completo. Na América do Norte, restaram os cervos, as antilocapras, os ursos-negros e uma espécie menor de bisão.             
Os ursos-pardos e os recém-chegados uapitis e alces também ampliaram seus âmbitos. A América do Sul, por sua vez, reteve as onças e os lhamas.
Na Austrália, o maior animal terrestre é o canguru-vermelho. O que houve com os animais de grande porte dali é um dos enigmas paleontológicos mais intrigantes do planeta. Durante anos, os cientistas viram nas mudanças climáticas a causa dessas extinções. E, de fato, há 1 milhão de anos a Austrália vem sofrendo um processo de ressecamento, e sua megafauna viu-se presa a um continente que se tornava cada vez mais árido e despojado de vegetação. O paleontólogo Tim Flannery sugere que os seres humanos, que ali chegaram por volta de 50 mil anos atrás, usavam o fogo para caçar, o que levou ao desmatamento e a uma significativa ruptura do ciclo hidrológico.
De uma coisa temos certeza, diz Flannery. Algo extraordinário ocorreu aos animais terrestres na Austrália, e de modo abrupto (o quão abrupto ainda é motivo de discussão), por volta de 46 mil anos atrás, após a chegada de um predador inteligente e capaz de usar instrumentos.
Em 1994, Flannery publicou o livro The Future Eaters (literalmente, “Os comedores do futuro”, não lançado no Brasil), no qual propôs uma versão oposta à da hipótese da blitzkrieg, proposta por Paul Martin. E também apresentou um argumento bem mais amplo e ambicioso: o de que os seres humanos em geral constituem um tipo de animal no planeta propenso a arruinar os ecossistemas e a destruir o próprio futuro.
O livro de Flannery desencadeou muita polêmica. Houve quem achasse que ele estava criticando os aborígines, que se orgulham de viver em harmonia com a natureza. O problema fundamental da hipótese de Flannery é que não há nenhum indício direto de que os seres humanos tenham destruído a megafauna - nem mesmo um único animal. Seria conveniente se alguém achasse um esqueleto de Diprotodon com uma ponta de lança cravada na costela - ou talvez uma pilha de ossos de Thylacoleo perto de cinzas de uma fogueira humana. Tais sítios de matanças já foram encontrados nas Américas, mas não surgiu até agora nenhum equivalente arqueológico na Austrália.
Outra objeção à explicação de Flannery é de ordem mais prática: como seres humanos armados somente com lanças e fogo poderia ter aniquilado tantas espécies? Relativamente poucas pessoas, talvez na casa dos milhares, teriam de exterminar uma população de animais dispersa por uma enorme variedade de hábitats e âmbitos em todo um continente. Extinção é outra coisa: por definição, não resta nenhum espécime.
Em grande parte, a discussão sobre a megafauna gira em torno das técnicas de datação dos ossos antigos e dos sedimentos nos quais estão enterrados. Tudo é uma questão de data. Se os cientistas conseguirem mostrar que a megafauna desapareceu de modo rápido, com a extinção ocorrendo no intervalo de poucos séculos ou mesmo de um par de milênios, após a chegada dos seres humanos, há fortes indícios de que uma coisa foi consequência da outra. Flannery argumenta que as ilhas nos dão nova pista para o mistério.
 Algumas espécies da megafauna sobreviveram na Tasmânia até 40 mil anos atrás, quando a diminuição no nível do mar permitiu que os seres humanos, segundo ele, desembarcassem na ilha. Isso ocorreu em paralelo com a situação dos mamutes na Sibéria e das preguiças gigantes nas Américas, que também encontraram refúgio em ilhas e ainda sobreviveram por milhares de anos após as ondas mais amplas de extinção nos continentes.
 Esse tipo de argumentação baseia-se na falta de indícios fósseis relativos a uma convivência prolongada entre os seres humanos e a megafauna. Se, no entanto, encontrarmos indicações de que os homens e a megafauna viveram lado a lado durante milhares ou dezenas de milhares de anos, então o papel dos seres humanos nas extinções seria bem mais incerto, na melhor das hipóteses. E certamente isso invalidaria a noção de uma ofensiva relâmpago, uma blitzkrieg ao estilo de Martin e Flannery.
Todavia, há um lugar no interior australiano em que talvez esses indícios possam ser encontrados. Porém, ainda não se sabe qual hipótese de extinção eles ajudam a confirmar.
Cuddie Springs é um lago efêmero na região centro-norte do estado de Nova Gales do Sul. E foi lá que, em 1878, ao cavar um poço, um fazendeiro descobriu um depósito de ossos de megafauna. Atualmente, a pessoa que mais divulgou o sítio é a arqueóloga Judith Field, da Universidade de Sydney, que dedicou sua carreira à interpretação dos fósseis exumados no lago.
Em 1991, ainda estudante de graduação, Judith descobriu ali ossadas de megafauna bem ao lado de ferramentas líticas - um achado merecedor de manchetes. Segundo ela, há duas camadas comprovando a associação, uma delas datada de 30 mil anos e a outra de 35 mil anos atrás. Se essa datação for confiável, isso significa que os seres humanos e a megafauna conviveram na Austrália por um período em torno de 20 mil anos. “O que podemos ver em Cuddie Springs é que houve uma prolongada sobreposição de seres humanos e megafauna”, diz Judith.
Nada disso, dizem os críticos. Para eles, os fósseis foram deslocados de seus locais originais e acabaram se incrustrando em camadas sedimentares mais recentes. Bert Roberts, coautor de um estudo que defende algum tipo de causa humana nas extinções da megafauna, examinou grãos de areia de Cuddy Springs e afirma que encontrou grãos muito recentes mesclados a fósseis supostamente bem mais antigos. E isso o convenceu de que a estratigrafia do local não é esclarecedora.
Judith contesta tal interpretação e argumenta que os seus críticos estão comprometidos demais com a hipótese de um impacto humano na extinção da megafauna. Cuddie Springs estava inundada e inacessível quando fui à Austrália para fazer esta reportagem. Em vez disso, Judith e eu resolvemos visitar outro famoso depósito de ossadas, um local conhecido como grutas Wellington. Para chegar lá, viajamos cinco horas de carro desde Sydney, cruzando as montanhas Azuis e áreas pastoris que lembram muito a ondulada paisagem costeira do centro da Califórnia. Quando paramos no estacionamento das grutas, fomos recebidos por um marsupial-gigante de fibra de vidro. Era o animal de maior porte da megafauna, o maior marsupial conhecido que já palmilhou este planeta. Volumoso e com membros atarracados, o Diprotodon parece ter sido condenado para todo o sempre a ser descrito nos museus como “desajeitado”.
Conhecemos Mike Augee, um cientista residente que nos mostrou o local em que o primeiro Diprotodon foi encontrado. É um buraco largo no chão, entrada de uma galeria vertical sinuosa através de um morro de calcário, protegido por uma grade metálica. “Este é o local sagrado da paleontologia australiana”, anuncia Augee.
O motivo é o seguinte: em 1830, um funcionário local chamado George Rankin desceu pelo buraco amarrado por uma corda presa a uma saliência na parede da caverna. Depois se percebeu que essa protuberância era na verdade um osso.
Naquele mesmo ano, o topógrafo Thomas Mitchell explorou as grutas na área e enviou os fósseis ali recolhidos para Richard Owen, o paleontólogo britânico que ficaria famoso ao revelar a existência dos dinossauros. Owen constatou que os ossos extraídos das grutas Wellington pertenciam a marsupiais extintos. Pergunto a Augee o que ele acha que pode ter ocorrido com a megafauna australiana. “Acredito 100% no modelo proposto por Tim Flannery”, responde, fazendo com que Judith levante na hora uma sobrancelha. “Mas é uma caverna”, acrescenta Augee. “E não dá para confiar em datações do carvão vegetal encontrado em cavernas.”
Bem lembrado. Pois, sabemos, muita coisa pode ser levada pela água até o interior das cavernas. E a água aos poucos também reacomoda as camadas de sedimentos. Coisas mais recentes e pesadas afundam em camadas mais antigas.
O solo tem mais artimanhas do que se imagina.
Judith Field faz uma observação crucial a respeito de seus dados científicos - ela ainda não dispõe de quantidade de informações necessária e ainda não há pesquisas suficientes para as narrativas codificadas do passado. “Existem cerca de 200 sítios fossilíferos do Pleistoceno tardio na Austrália”, diz Judith. “Menos de 20 deles têm datações aceitas. Por enquanto, tudo o que temos para construir esses modelos explicativos complexos é um conjunto de dados precário.”
Ainda bem que existem caçadores de ossos em todo o continente. Os paleontólogos amadores desempenham papel crucial na descoberta de ossadas da megafauna. Lindsay Hatcher é um deles.
Hatcher é um homem descontraído e simpático que conheci perto do vilarejo de Margaret River, quatro horas de carro ao sul de Perth.
Foi ele o responsável por um dos achados fósseis mais importantes na região. Em 1992, ele resolveu explorar o lugar chamado de caverna da Entrada Apertada. Hatcher seguiu pelo caminho mais usado pelos espeleólogos amadores, mas acabou topando com um monte de fósseis. “Vocês estão andando em cima de um canguru extinto”, comentou ele com seus acompanhantes. Um buraco no piso da gruta era, na verdade, a órbita ocular de um imenso canguru. Desde então, mais de 10 mil ossos de megafauna foram retirados da caverna da Entrada Apertada.
Perto do povoado de Margaret River há uma atração turística, a gruta Mammoth. Entre 1909 e 1915, os sedimentos que continham fósseis foram retirados da gruta e examinados de maneira tão descuidada que jamais seriam levados a sério por nenhum cientista atual. Mesmo assim, um osso em particular vem despertando muita curiosidade: é um fêmur no qual se vê um entalhe. Há uma réplica desse osso em exibição na gruta Mammoth. Na opinião de Hatcher, o entalhe foi feito por um instrumento afiado. E, quando contempla a gruta, ele reconhece ali um hábitat humano óbvio que proporcionaria excelente abrigo durante os dias e as noites inóspitos da Era Glacial. “É um lugar ótimo para as pessoas viverem. Protegido. Com fonte de água permanente na época. E muito bicho para servir de alimento”, comenta Hatcher, enquanto vagamos pelas galerias iluminadas da caverna.
Mas também é bem possível que a marca no fêmur tenha sido feita pelo dente aguçado de um leão-marsupial. Tudo depende da interpretação. A única coisa certa é que Hatcher vai prosseguir na busca, empenhando-se em contribuir para a solução do maior mistério da Austrália.
A Terra preserva a sua história de maneira acidental. Ossos desintegram-se, artefatos viram pó, terrenos sofrem erosão, o clima altera-se, florestas avançam e recuam, o curso dos rios muda - e o passado, quando não é obliterado, é obscurecido. Não há como evitar isso: qualquer explicação é elaborada com base em um conjunto restrito de dados. Há limites naturais.
Os primeiros habitantes da Austrália expressaram-se em pinturas rupestres nos afloramentos rochosos por todo o continente. Uma das pessoas com quem conversei foi o paleontólogo Peter Murray, baseado em Alice Springs. Seguimos de carro até um sítio arqueológico ao sul do vilarejo, onde o arenito avermelhado foi pintado com símbolos circulares e sinuosos. “Veja como são todos muito bonitos. E enigmáticos”, comenta Murray. “Mas nada de megafauna.”
No entanto, Murray estudou uma pintura rupestre na Terra de Arnhem, no norte da Austrália, que mostra um animal parecido com um marsupial da megafauna conhecido como Palorchestes. Com frequência comparado a um tapir, ele tinha uma tromba pequena e uma língua tão comprida quanto a de uma girafa. Na Austrália ocidental, outro sítio tem pinturas rupestres representando o que parece ser um caçador humano diante de um leão-marsupial ou um tigre-da-tasmânia - uma distinção importante, pois o leão-marsupial se extinguiu há 45 mil anos e o tigre-da-tasmânia resistiu até o início do século 20.
Em Alice Springs, durante um jantar de carne de camelo, molho de beterraba e um poucot de emu defumado, Murray comenta a respeito de sua profissão: “Cada passo depende de interpretações. Os dados não falam por si mesmos.”
A hipótese da blitzkrieg traça um quadro alarmante, no qual os seres humanos aniquilam com rapidez uma enorme quantidade de animais. Mas há um cenário ainda mais sinistro: as extinções não teriam ocorrido em função de uma matança desenfreada, e sim de uma sequência de eventos cada vez mais intensos, incluindo mudanças no clima, no decorrer dos quais as pessoas envolvidas não conseguiam discernir plenamente o que estava acontecendo no meio ambiente.
O que nos traz aos dias de hoje.
“O modo como vivemos no passado e como vivemos atualmente está destruindo o nosso futuro”, argumenta Flannery. Somente aos poucos, com o passar do tempo, damos conta do tanto que alteramos o mundo e do tanto que o nosso florescimento está prejudicando ou mesmo levando à extinção incontáveis espécies.
Depois de circular pela Austrália durante duas semanas, esquadrinhando grutas em três estados e fazendo caminhadas pelo mato, volto a Sydney para uma conversa final com Judith Field. Ela retoma o assunto da estratigrafia controversa de Cuddie Springs, das camadas de sedimentos em que a megafauna e os utensílios humanos podem estar associados e da história dos desentendimentos entre os cientistas. Ela está falando, mas, de repente, para e me diz: “Você parece exausto”. Eu estava apoiando a cabeça na mão - e imagino que prestes a pegar no sono.
“Sinto muito não ter conseguido fazer com que a história ficasse cristalina”, comenta ela, ao telefone, semanas depois. “Não, ficou bem claro”, respondo. “É uma confusão perfeita.”
No entanto, vamos continuar tateando em meio a essa confusão. A ciência é um procedimento laborioso e às vezes os avanços só ocorrem depois de muitos tombos e becos sem saída. Basta pensar em Rod Wells na gruta de fósseis Victoria, arrastando-se por galerias tão estreitas que era obrigado a virar a cabeça de lado a fim de transpor os obstáculos. Bracejando. Escavando.
Às vezes topamos com uma passagem intransponível. Então, só nos resta refazer o caminho.

ESTA MATÉRIA FOI RETIRADA DA REVISTA  NATIONAL GEOGRAPHIC. EDICÃO 127. ESCRITA POR JOEL ACHENBACH. UMA MARAVILHA DE MATÉRIA. CONFIRAM

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma ave de rapina com dentes



Há 5 milhões de anos, viveu no Chile um pássaro com presas no bico, duas vezes maior que o condor, a maior ave voadora viva
Os dinossauros não se extinguiram há 65 milhões de anos. As aves são suas descendentes. Na China, há fósseis de aves de bicos com dentes de 110 milhões de anos. Achava-se que as aves dentadas tinham sumido com os dinossauros. A ideia foi abandonada na semana passada, com a apresentação de uma ave gigante pelo Journal of Vertebrate Paleontology. Entre 10 milhões e 5 milhões de anos atrás, um monstro pairava nos céus do Chile. De asas abertas, o Pelagornis chilensis media 5,2 metros. É a maior ave voadora que existiu – e tinha dentes. ‘O fóssil preenche uma lacuna de 100 milhões de anos. As aves dentadas viveram quase até o presente’, diz o paleontólogo David Rubilar Rogers, de 35 anos, do Museu de História Natural, em Santiago.
O pelagornis era uma ave migratória. Seus restos foram achados em todo o mundo. O espécime chileno é de longe o mais completo. Foi escavado há uns seis anos por caçadores de fósseis num barranco em Bahía Inglesa, Deserto do Atacama, diz Rubilar. Contrabandeado para a Europa, acabou nas mãos de um colecionador. ‘Ao perceber sua importância, o colecionador vendeu-o por e 30 mil’ ao Museu Senckenberg, de Frankfurt. O paleontólogo alemão Gerald Mayr, coautor do estudo, repatriou o fóssil ao Chile. Apesar da semelhança com os albatrozes e os pelicanos, Rubilar diz que o pelagornis era aparentado dos patos e gansos. E usava seus dentes para comer peixes e lulas.



Esta postagem foi retirada DAQUI  

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ex-oficial promete revelar segredos de OVNIs


SÃO PAULO – Em coletiva de imprensa marcada para hoje nos Estados Unidos, ex-militares afirmam que irão revelar diversas intervenções feitas por ÓVNIS em bases militares.
          Seis ex-oficiais da Força Aérea americana e um ex-alistado convocaram jornalistas para o salão do National Press Club, em Washington.
          O plano é pedir que o governo confirme publicamente os incidentes com os chamados Objetos Voadores Não Identificados (ÓVNIS ou UFOs, sigla em inglês).
          Segundo informações da Fox News, o grupo planeja distribuir documentos do governo que sustentariam as alegações de que os OVNIS vêm atuando em áreas de armas nucleares desde 1948. Além disso, teriam sido reunidos testemunhos de mais de 120 ex-militares, incluindo aposentados, que confirmam a existência de tais incidentes até 2003.
          A coletiva também teria o intuito de tratar de preocupações sobre o abuso dos segredos governamentais e da ameaça das armas nucleares.
          O evento tem como principais organizadores Robert Salas, ex-capitão da Força Aérea, e Robert Hastings, pesquisador e autor do livro sobre ÓVNIS em bases militares chamado: "UFOs and Nukes: Extraordinary Encounters at Nuclear Weapons Sites”.
          Salas, que tem 70 anos, trabalhou por sete anos na Força Aérea e deixou o cargo em 1971. No dia 16 de março de 1967, ele atuava na base de Malmstrom, em Montana, quando diz ter presenciado uma intervenção de ÓVNIS que fez com que 10 mísseis nucleares se desligassem.

INFO Online conseguiu conversar com Salas antes do evento de hoje. Com pressa, ele contou um pouco de suas experiências.

INFO Online- Por que fazer essa coletiva de imprensa hoje?

Robert Salas - Eu venho falando disso há 15 anos; só achamos que era hora de fazer as pessoas falarem a verdade.

Os ÓVNIS (ou UFOs) descritos seriam de extraterrestres? Afinal, a definição objeto voador não identificado não especifica que se trate de uma nave alienígena...

As naves que observamos eram controladas por alguma forma inteligente, temos evidência disso. Como acreditamos que elas não poderiam ter sido feitas na Terra, a única alternativa é que se trate de uma nave extraterrestre.

Quantas vezes você viu um OVNI?

Eu nunca vi um OVNI. Eles foram reportados pelos meus guardas. Eu estava alguns palmos abaixo da terra, em uma sala. Mas quando eles chegaram, eu vi que meus mísseis se desligaram. A mesma coisa aconteceu em um outro local, apenas uma semana depois.

Reportagem da REVISTA VEJA. Quer saber mais. Confiram AQUI!

sábado, 25 de setembro de 2010

NOVO DINOSSAURO BRASILEIRO


UM CRÂNIO ESPETACULAR CHAMA A ATENÇÃO DO MUNDO PARA UM NOVO DINOSSAURO BRASILEIRO

          Um dinossauro pastava onde hoje é o norte de Minas Gerais quando foi soterrado por uma avalanche de lama. A lama asfixiou o bicho, preservando-o de forma extraordinária. Após 120 milhões de anos, seu crânio com 48 centímetros é uma das mais importantes descobertas da paleontologia brasileira. Para os paleontólogos, cientistas que passam a carreira vasculhando barrancos e cascalho em busca de fósseis, achar um crânio é o maior dos troféus, um golpe de sorte reservado a poucos. Alberto Carvalho, de 36 anos, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), é um deles. Em 2007, dois anos depois de achar em Coração de Jesus, Minas Gerais, a costela de 1 metro de uma nova espécie de dinossauro, Carvalho obteve seu troféu. Achou um crânio completo da ponta do focinho à base da nuca. Ao todo, Carvalho coletou 18 ossos e 47 fragmentos de quatro animais, que estudou ao lado de Hussam Zaher, diretor do Museu de Zoologia.
          A espécie foi batizada de Tapuiasaurus macedoi, em homenagem à tribo tapuia que vivia na região.
          O tapuiassauro pertence à família dos titanossauros, dinossauros quadrúpedes e pescoçudos que viviam no supercontinente Gondwana (formado pela união da América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártica). O tapuiassauro é a nona espécie de titanossauro brasileira. Das 50 espécies conhecidas, quase todas foram descritas com base numa costela ou num par de vértebras. Não é o caso do tapuiassauro. Seu crânio é digno de exposição nos principais museus do mundo. Antes dele, só se conheciam dois crânios deformados e incompletos de titanossauro.
          Esse é o tipo de descoberta que pode alavancar a carreira de um pesquisador, lançando-o da obscuridade aos holofotes da academia – o que rende propostas de emprego e acesso a preciosos recursos de pesquisas. O estudo foi enviado ao jornal PLoS One. Reza o rito acadêmico que um novo nome científico só pode ser divulgado após o estudo ser aceito para publicação. Enquanto a equipe aguardava o parecer da publicação, prosseguiam os preparativos para a abertura, em outubro, de uma exposição no museu. A estrela será a reconstituição do tapuiassauro.
          Mas a descoberta foi anunciada na terça-feira, no jornal O Estado de S. Paulo. O anúncio veio antes da hora – o que pode deixar de render os dividendos acadêmicos que o estudo merece. O Estadão acompanhou a pesquisa com exclusividade, comprometendo-se a noticiar o dinossauro após a aceitação do estudo. Mas, no dia 10, o jornal soube que a história teria vazado para o Jornal Nacional. O Estadão pediu a Zaher para publicar a notícia. Obteve a autorização, desde que sem o nome Tapuiasaurus macedoi. O nome foi retirado do texto, mas uma menção escapou, e ele se tornou público. Para o leigo, pode parecer uma formalidade boba. Na academia, a transgressão é grave. Mesmo tratando-se de um fóssil fenomenal, paleontólogos estrangeiros afirmam que, caso o estudo tivesse sido submetido às revistas Science ou Nature, extremamente tradicionais, elas agora o recusariam.


Reportagem da Revista Época Edição nº 644. Confiram.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A ARTE RUPESTRE NA PARAÍBA

UM ESTUDO SOBRE O SÍTIO ARQUEOLÓGICO DA LOCALIDADE ALGODÕES, NO MUNICÍPIO DE CONDADO


Almair de Albuquerque Fernandes

1 APRESENTAÇÃO

A arte rupestre é considerada o único vestígio deixado de forma consciente e voluntariamente pelos homens pré-históricos. Ela representa os mais expressivos registros do comportamento humano sobre as relações com o meio natural (CARVALHO et al., 2005). No Brasil, especialmente na Paraíba, apesar da grande quantidade de material de arte rupestre localizado, o estudo sobre o assunto ainda é restrito.
Afirma Almeida (1979, p. 21), que “todo vestígio antigo deixado pelo homem na sua passagem pela terra, constitui um sítio arqueológico. As pinturas e gravuras rupestres - a denominada arte rupestre - são sítios arqueológicos”.
Na visão de Santos (2007, p. 37), “os sítios de arte rupestre se configuram como monumentos singulares e de valor incontestável, pois retratam fragmentos do cotidiano humano”.
Gaspar (2003) acrescenta que a arte rupestre consiste em representações gráficas elaboradas em suportes rochosos, presente em diversos ambientes freqüentados pelas culturas pré-cabralinas.
Na literatura sobre arqueologia brasileira o termo arte rupestre engloba tanto as pinturas como as gravuras. As gravuras consistem em representações elaboradas através do picoteamento ou incisão no suporte rochoso.
Para Gaspar (2003), que as técnicas de pinturas detectadas através de análises revelam o uso de fricção de um mineral sobre o suporte rochoso, usos da madeira com função de pincel, uso da própria mão e até mesmo elaborada através de sopros do pigmento sobre a rocha.
Almeida (1979), abordando as técnicas utilizadas pelos ‘artistas’ primitivos, afirma que a gravura rupestre consiste na execução de desenhos por meio de sulcos na pedra bruta. Além da pintura e da gravura, também existe na arte rupestre a técnica do baixo-relevo.
No entanto, apesar de sua importância no contexto histórico-antropológico, a arte rupestre é pouco valorizada, limitando-se sua discussão ao meio acadêmico.
Diante dessa realidade e observando as considerações expostas, esta pesquisa pretendeu avaliar a arte rupestre, numa visão mais científica, afastando o misticismo e a crendice popular, focalizando a necessidade de se preservar o sítio arqueológico da comunidade Algodões, no município de Condado-PB, sob todos os aspectos.

2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A ARTE RUPESTRE NO BRASIL

Itaquatiaras, pedras lavradas, pedras pintadas, gravuras, pinturas, letreiros, glifos, litóglifos, petróglifos, pictografias, litografias e hieróglifos brasileiros, são termos empregados pelos vários autores para designar as inscrições rupestres existentes no Brasil.
De acordo com Ozildo (1990, p. 11),

A primeira referência sobre a arte rupestre no Brasil, nos foi dada por Ambrósio Fernandes Brandão em seu livro ‘Diálogos das Gran­dezas do Brasil’, escrito em 1618. Trata-se de pinturas e gravuras situadas em terras paraibanas, cujas informações foram fornecidas ao autor por Feliciano Coelho de Carvalho, capitão-mor da Capitania da Paraíba, que visitara no dia 29 de dezembro de 1598 a locali­dade denominada ‘Arasoagi­pe’, onde foram encontradas as referidas gravuras e pintu­ras que, presume-se, tratar-se hoje do município de Araçagi e do rio do mesmo nome.

Quando o homem civilizado foi adentrando o interior do território brasileiro, foi encontrando os primeiros registros rupestres. Este fato chamou-lhe a atenção. E, mesmo perguntando aos indígenas da época, não encontrou respostas para suas observações e, de certa forma, influenciado pelas narrativas nativas, passou também a relacionar esses registros ao misticismo.


Informa Souza (1991), que no século XVII, o padre Francisco Teles de Menezes registrou 274 sítios arqueológicos com gravações e pinturas no Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Pernambuco, interpretando-os como mapas de tesouros.
Por outro lado, vários escritores antigos citaram as gravuras e pinturas existentes ao longo do territó­rio brasileiro como sendo tes­temunho de passadas civilizações, deixando claro que aqueles registros rupestres não foram produzidos pelos indígenas encontrados pelo elemento luso descobridor, no século XVI.
Nessa mesma linha de pensamento, afirma Almeida (1979, p. 23), que

As gravuras e pinturas brasileiras e, em particular, as pa­raibanas, foram executadas pelos antigos habitantes da região - os indígenas - o que não quer dizer que tenham sido executados, obrigatoriamente, pela população que os portugueses encontraram no Brasil no século XVI. Podem ter sido obra de grupos indígenas extintos ou que não mais habitavam o local à época do descobrimento.

O elemento indígena encontrado pelo luso descobridor no século XVI não conhecia e nem fabricava instrumentos de ferro. Desta forma, ele não teria condições de trabalhar a rocha dura e nela fazer inúmeros desenhos, ricos em detalhes como os encontrados na Pedra do Ingá, considerada um monumento arqueológico nacional. É mais aceitável que tais monumentos sejam obras de grupos indígenas extintos.


 Através das gravuras e das pinturas, os primitivos habitantes do Nordeste brasileiro deixaram as marcas de sua presença, como meio de mostrar os vestígios de seu cotidiano. Esses vestígios constituem “parte do sistema de comunicação do qual se preservavam apenas as expressões gráficas que resistiram ao tempo” (GASPAR, 2003, p. 2).
Observa Oliveira (2005, p. 471), que

Ao longo do tempo, a visão sobre a arte rupestre variou de acordo com a visão de mundo dos diversos pesquisadores. Primeiramente pensou-se que a arte rupestre teria sido produzida como um simples prazer estético. Depois sela passou a ser explicada como fruto da magia, com o objetivo de intervir na vida real, como, por exemplo, a Magia da Caça ou a Magia da Fertilidade. Outros autores a viam como uma forma de escrita associada a uma civilização megalítica de Atlântida ou como lápides mortuárias onde constava o nome e a genealogia do indígena.

As pinturas e gravuras rupestres encontradas no Brasil estão situadas em locais comodamente atingíveis ou em lugares alcantilados de acesso difícil. Em alguns desses sítios arqueológicos são vistas figurações primitivas e em outros, desenhos artísticos elaborados em grandes painéis no interior de grutas ou a céu aberto.


Nesses painéis, é comum encontra figuras de variadas formas geométricas planas, ora evocando seres humanos (antropomorfos) ou partes do corpo; mãos e órgãos sexuais masculinos (símbolos fálicos), ora plantas (fitomorfos) e animais (zoomorfos). 
De acordo com Dias (2004, p. 471), a arte rupestre “no século XX, foi entendida como um sistema de comunicação. Do ponto de vista da semiologia, a arte rupestre passou a ser considerada um código simbólico, que deveria ser decifrado, como um texto”.
No entanto, os estudos estudiosos que se debruçam sobre o problema da autoria das inscrições rupestres se dividem dois grupos: os ‘alienigenistas’ e os autoctonistas.
Faria (1994, p. 44), explicando essa divisão, afirma que

Os ‘alienigenistas’ admitem a confecção estrangeira por navegadores gregos, hebreus, egípcios e fenícios aqui arribados acidental ou intencionalmente antes de Cabral. Outros ‘alienigenistas’ vão mais longe, argumentando que algumas inscrições expressam refinados conhecimentos astronômicos, os quais somente poderiam ter sido transmitidos por civilizações extraterrestres.

No Brasil, a idéia de serem as inscrições rupestres encontradas no interior como o registro de navegadores oriundos de outras partes do globo, foi, inicialmente, levantada por Ladislau Netto, dire­tor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, ainda no início da segunda metade do século XIX.
Aquele pesquisador brasileiro afirmou que os símbolos dos ‘letreiros’ representavam vestígios deixados pelos fenícios, que aqui estiveram em épocas remotas. Inclusive, classificou como fenícia uma inscrição localizada na ‘Pedra da Gávea’, no Rio de Janeiro, apresentando uma tradução que relata o insucesso de uma viagem ao Brasil, promovida a mando do faraó Necao, do Egito.


Apoiado nas suposições de Ladislau Netto, o pesquisador austríaco Ludwig Schwennhagen, que esteve na Paraíba, em 1926, onde realizou pesquisas para esclarecimento das ins­crições rupestres aqui existentes. Schwennhagen é autor de uma polêmica ‘História antiga do Brasil’, onde “apresenta uma tradução do li­vro do historiador grego Tio­doro da Sicília, o divulgador dos périplos fenícios, afirmando que foram os fenícios os primeiros habitantes do Velho Mundo a descobrirem a América” (OZILDO, 1990, p. 11).
Pinto (1986), também adepto dessa corrente, afirma que os hebreus em épocas remotas, visitaram o Brasil e daqui levaram a madeira e o ouro necessários para a construção do Templo de Salomão. Para este autor, seria o Brasil o misterioso país de Ofir, descrito na Bíblia, no Livro dos Reis. Ele apóia suas suposições nas semelhanças lingüísticas existentes entre o idioma hebreu e alguns dialetos falados por tribos indígenas do interior do Amazonas, afirmando também que o vocábulo ‘Solimões’, que designa para o rio Amazonas, é uma corruptela da palavra ‘Salomão’, o grande rei dos hebreus.
Por outro lado, ‘alienigenistas’ como Galdino (1973), Moreau (1977), Däniken (1977) e o próprio Faria (1994), chegam a afirmar que os registros rupestres em pictografia, representam registros astronômicos, executados por seres extraterrestres. Na concepção desse último autor, a Pedra do Ingá, famoso monumento arqueológico encontrado no Estado da Paraíba, são registros astronômicos, produzidos por seres extraterrestres.


Quanto aos autoctonistas, estes se dividem em duas correntes: a primeira (já desautorizada) pregava ser a arte rupestre passatempo dos aborígines. A segunda, acredita “ter florescido no Brasil uma antiqüíssima civilização aborígine que declinara após ter atingindo elevado estágio cultural e material” (FARIA, 1994, p. 44).
Nesse último grupo, mais numeroso, encontram-se pesquisadores de renome a exemplo de Pereira Júnior (1970), Mendes (1970), Martin (1975), Almeida (1979), Dantas (1994) e tantos outros.


A população interiorana do Nordeste brasileiro refere-se às inscrições rupestres co­mo sendo ‘letras dos holandeses’. No entanto, deve registrar que existem sítios arqueológicos com inscrições e pinturas rupestres em locais nunca atingidos pelos holandeses, no Brasil. Datam de 1598, as primei­ras informações sobre a exis­tência de inscrições e pinturas rupestres em solo brasileiro, portanto, muito an­tes da penetração dos flamengos no Nordeste.

2.2 A ARTE RUPESTRE NA PARAÍBA

O Estado da Paraíba, localizado na porção leste do Nordeste brasileiro, é pródigo em sítios de arte rupestre, predominando os de pinturas. Estas são encontradas, em sua maioria, nas paredes rochosas de canyons - localmente chamados de boqueirões, e em paredes e tetos de abrigos ou cavernas.
Estima-se que existam mais de 500 sítios com arte rupestre na Paraíba. Entre os principais, podem ser citados:
a) a Pedra do Touro;
b) a Pedra do Gato;
c) a Pedra da Velha Chica;
d) a Gruta do Silêncio;
e) o Abrigo das Emas;
f) a Pedra do Ingá;
g) o Lajedo de Pai Mateus.
A maioria desses sítios arqueológicos apresenta registros rupestres (gravuras e pinturas) estampados em paredões rochosos, distribuídos nos leitos dos rios, vales e serras. Nesses locais, é comum encontrar representações zoomorfas antropomorfas, geométricas, astronômicas e fitomorfas.


Destes sítios arqueológicos, apenas a Pedra do Ingá, localizada no município de igual nome, foi tombada pelo DPHAN (o atual IPHAN), por iniciativa de Pereira Júnior, em 1944, o qual realizou um estudo ‘in loco’ daquelas inscrições rupestres (PEREIRA JÚNIOR, 1970).
O conhecimento sobre a existência de registros rupestres no interior da Paraíba é algo que remota ao final século XVI, conforme já foi citado. Além de Ambrósio Fernandes Brandão (Diálogos das Grandezas do Brasil, 1618), Elias Herckmans (Descrição geral da Capitania da Paraíba, 1639), também fez referência a um sítio arqueológico por ele encontrado, quando de uma entrada ao interior da Capitania com o objetivo de avaliar os recursos naturais da região de Cupaoba.
Anos mais tarde, em 1670, os padres capuchinhos franceses Teodoro de Lucé e Martim de Nantes, em missão catequista, dirigiam-se ao arraial de Boqueirão do Carnoió, quando, no caminho, encontraram

[...] no meio de uma grande floresta [...] uma grande pedra de grã da altura de nove pés, larga na base, muito bem talhada, sobre a qual estava gravada a imagem de uma cruz de alto a baixo e na parte inferior havia um globo, ao lado de duas figuras que não podiam ser distinguidas por causa do musgo e, em derredor, uma espécie de rosário gravado (NANTES, 1979, p. 54).

O sítio arqueológico descoberto pelo padre Teodoro de Lucé e seu auxiliar, encontra-se no território do atual município de Barra de Santana, desmembrado de Boqueirão, em 1994. Trata-se da ‘Pedra do Altar’, localizada à margem direita do rio Paraíba.


Além dos caracteres descritos pelo padre Martin de Nantes, ali existem várias outras inscrições e pinturas, que constituem belo painel em cor vermelha, todo ele da mesma tonalidade, relativamente bem conservado. Naquele imenso macacão também existe um símbolo abstrato de uns 66 cm de comprimento, além de várias representações de ponteado, setas, mãos positivas e lagartos (ALMEIDA, 1979).
No entanto, analisando a narrativa do padre Martin de Nantes, percebe-se que aquele religioso somente viu no referido sítio elemento religioso, e, utilizou-se dos mesmos para iniciar a conversão dos nativos que faziam parte da referida expedição, atribuindo às mencionadas inscrições uma conotação profética.
Na opinião de Ozildo (1990, p. 11), as inscrições e pinturas rupestres existentes no interior do Estado da Paraíba,

Expressam, sem dúvidas, sentimentos, idéias de um povo que ali habitou. É uma página da nossa pré-história, que como outras inscrições brasileiras, se decifradas, poderão nos oferecer noções exatas sobre a origem ainda desconhecida do homem americano.

Quanto o elemento colonizador adentrou os sertões paraibanos ele foi encontrando vestígios rupestres. Às vezes, quando do requerimento de uma sesmaria, os colonizadores faziam referências a esses vestígios.  Assim, fizeram o padre Valetim Gonçalves de Medeiros e Manoel Timóteo da Vera Cruz, que em 21 de janeiro de 1759, requereram uma gleba de terra no Seridó paraibano, alegando que a mesma ficava na data da ‘Pedra Lavrada’ (TAVARES, 1982), numa referência expressa às pinturas rupestres que existem nas proximidades da sede daquele município paraibano.
Ozildo (1990, p. 11) tratando daqueles achados arqueológicos afirma que

As inscrições de Pedra Lavrada foram descobertas no final do século XVIII, pelos primeiros desbravadores que ali apontaram, em busca de terras propícias à lavoura e à criação de gado. Na época, a ribeira do Seridó já se destacava por sua fertilidade, servindo de estímulo à fixação do homem naquela região. Os blocos de gneiss cobertos de símbolos dos mais variados formatos, serviram como fonte toponomástica, fazendo com que os primeiros povoadores da região batizassem o lugar com o nome de ‘Pedra Lavrada’.

Em diversos municípios paraibanos onde existem vestígios da arte rupestre freqüentemente os habitantes locais associam tais registros à localidade onde os mesmos são encontrados. Assim, no interior da Paraíba é comum o uso de topônimos como ‘Pedra do Letreiro’, ‘Lajes Pintadas’, ‘Pedra Lavrada’, ‘Pedra do Caboclo’, ‘Pedra Furada’, ‘Lajedo Pintado’, etc.
Em 1893, lrineu Jofilly em seu valioso livro ‘Notas Sobre a Paraíba’, abriu um parêntese para tratar das inscrições e pinturas rupestres, existentes no território paraibano, afirmando:

Julgamos merecer a mais séria atenção de todos os homens estudiosos, o assunto de que passamos a nos ocupar, referimo-nos aos letreiros ou inscrições que encontram em grande número de rochedos em toda a Borborema, ou antes, em toda a Paraíba (JOFILLY, 1977, p. 88).

Para fundamentar seu relato, aquele ilustre historiador paraibano utilizou-se das anotações de um relatório escrito pelo engenheiro Francisco Soares Retumba que, em 1886, visitou a povoação de Pedra Lavrada, no Seridó paraibano.


Ainda segundo Jofilly (1977, p. 89), após copiar integralmente as inscrições ali existentes, aquele engenheiro concluiu: “ignoro se haverá quem possa compreender o que significam as inscrições [...]. Cumpre, pois, quanto à Paraíba, que se cuide seriamente de colecionar todas as inscrições que se encontram a miúdo em nossos sertões”.
Embora alguns estudiosos - ditos ‘alienigenistas’ - tentem relacionar os registros rupestres existentes no interior do nordeste brasileiro aos fenícios,

[...] Até aqui, os achados arqueológicos não revelaram vestígios da passagem de fenícios pelo Brasil. E se quisesse sustentar a tese de fenícios como povoadores do continente americano, as dificuldades seriam maiores uma vez que o período áureo da história daquele povo situa-se no tempo compreendido entre os séculos X e VII a.C. e em datas muitíssimo anteriores, já foi registrada a presença do Homem em nosso continente (ALMEIDA, 1979, p. 24).

Desta forma, deve-se afastar por completo a idéia de serem os fenícios ou outros povos (europeus ou asiáticos) os autores das inscrições rupestres encontradas no território brasileiro - e em especial, na Paraíba - aceitando-se como verdadeiro que seus principais executores foram os indígenas, que viveram em épocas remotas.
No entanto, deve-se reconhecer que as suposições e conclusões de alguns pesquisadores, a exemplo de Almeida (1979), Martin (1975) e Pereira Júnior (1970), já emprestaram ao estudo das inscrições rupestres existentes na Paraíba, uma importância capital, excluindo afirmações superficiais, segundo as quais tais registros arqueológicos não passariam de meras brincadeiras de índios.
Abordando as inscrições rupestres existentes na Paraíba, Lima (1953, p. 114), afirma que “todas guardam as mesmas características, os mesmos traços de origem como se representassem elos de um só circulo de influência”. E, que “não há dúvida que existe uma inter-relação dessa escrita nos diversos lugares onde teria predominado uma civilização antiga”.


No entanto, boa parte do patrimônio arqueológico existente no Estado da Paraíba vem se perdendo ao longo do tempo, em decorrência da depredação do homem. Deve-se registrar que muitos vestígios rupestres foram destruídos, por ignorância ou conveniência.
Observa Silva (2006, p. 114), que

Devido a sua fragilidade, esses monumentos arqueológicos estão vulneráveis à ação do tempo e principalmente à destruição humana. Esta intervenção humana vem sendo responsável pela danificação parcial ou total dos sítios arqueológicos, tendo como fatores: a construção civil; a extração de rochas, a falta de informações e, conseqüentemente, o vandalismo.

Na Paraíba, inúmeros sítios arqueológicos estão sob ameaça de depredação constante, ligadas ao garimpo/mineração de rochas ornamentais, atividade econômica forte em alguns municípios, a exemplo de Pedra Lavrada, Junco do Seridó e Picuí (possuidores de sítios arqueológicos com arte rupestre), e a visitação turística, problema reforçado pela ausência de trabalhos que mostrem à população local a importância dos sítios existentes.
Dos diversos fatores de degradação que podem incidir sobre os painéis de pinturas e inscrições rupestres, a ação humana se destaca como forte agente de destruição.
Por outro lado, deve-se registrar que o trabalho de conscientização junto às populações interioranas é algo fundamental para a preservação dos sítios arqueológicos.
Na Paraíba esse trabalho vem sendo desenvolvido por uma organização não-governamental, denominada de Programa de Conscientização Arqueológica (PROCA), que, desde 1995 vem contribuindo com as instituições oficiais a manter o patrimônio arqueológico preservado. Essa organização interage através da conscientização, desenvolve cursos, palestras, seminários, bem como o levantamento de sítios arqueológicos em todo território paraibano.

2.3 AS REPRESENTAÇÕES RUPESTRES DO MUNICÍPIO DE CONDADO-PB

O território que atualmente constitui o município de Condado foi desmembrado do município de Pombal, considerado rico em registros rupestres.
Afirma Seixas (2004), que a noroeste da cidade de Pombal, nas serras do Comissário e do Cabeço, existem vários pontos onde podem ser encontradas pinturas e inscrições sobre a rocha dura. O referido autor também relata a existência de vestígios rupestres em várias localidades que atualmente pertencem aos municípios de Paulista, Malta e Vista Serrana, cujos territórios desmembraram-se do município de Pombal.
Em Condado, até o presente, foi identificado um sítio arqueológico, localizado na comunidade Algodão, de propriedade dos herdeiros de Antônio Machado de Oliveira, distante 12 quilometros da sede do referido município.


Nesse sítio, identificam-se desenhos geométricos integrantes de uma tradição cosmológica que, segundo Beltrão (1995), parece ser a mais antiga das três existentes na América, associados ou não a representações pictóricas da fauna e flora pleistocênica e que algumas dessas pinturas podem ter idades em torno de 18mil e 30 mil anos.
As inscrições rupestres de Condado são envoltas em um misto de mistério e fascinação. Apesar da importância do sítio, nunca foi publicado nenhum estudo sistemático.  Existem algumas referências sobre certas publicações voltadas para a história do sertão paraibano, nas quais esses registros arqueológicos aparecem como simples ‘curiosidades’.
No entanto, “a simetria e a combinação desses sinais não podem ser lançados ao acaso; elas exprimem com certeza, pensamentos humanos; são monumentos escritos de uma raça que ali habitou” (JOFILLY, 1977, p. 88).


No Sítio Algodão, vândalos deixaram suas marcas, com incisões alfanuméricas, comprometendo a integridade dos registros rupestres. Desta forma, urge que sejam tomadas providências visando à preservação daquele sítio, pois, a perda daqueles registros rupestres implicaria em lacunas em relação ao estudo da pré-história local, prejudicando, de certa forma, a construção da história do Sertão paraibano.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Sítio Arqueológico Algodão está localizado na margem esquerda do riacho Cipó, sobre um grande bloco de pedras, medindo em forma diagonal 200m de comprimento por 75m de largura, apresentando, em seu ponto máximo, uma altura de aproximadamente 20 m.
A vegetação e o relevo do local onde se localiza o sítio se mostra característico do sertão paraibano. As gravuras foram feitas sobre blocos de rochas que, muitas vezes, se encontram bastante desgastados pelo intemperismo que é comum na região. O local onde se encontram os painéis é de fácil acesso.


O sítio apresenta-se com gravuras em motivos geométricos lineares e circulares, com interferência atual nas gravações (ação antrópica), e com as gravuras que se limitam à região do córtex da rocha. Há vários locais em que o sol e a chuva agiram diretamente sobre a rocha, pois eles se encontram a céu aberto, fazendo com que as camadas superficiais destas rochas estejam prejudicadas, favorecendo a ação da erosão nas gravuras, aumentando o seu desgaste.
As gravações foram executadas sobre um lajedo granítico coberto por um tipo de fungo que, em alguns pontos, dá umas colorações douradas, distribuídas horizontalmente. No entanto, existem algumas representação que possivelmente caracterizem pegadas de aves, peixes e a representação aproximada de escorpião.


Tais gravuras foram picoteadas. Há também círculos radiados e um grande conjunto vertical de círculos interligados. Entretanto, no todo, a conservação é regular, sendo que muitas gravuras já foram danificadas pelo intemperismo por ficar totalmente exposto ao sol e à chuva, apresentando, em alguns pontos, processo de descamação.
A base do sítio é formada pelo afloramento arenítico e blocos soltos, um dos quais apresenta gravuras. No período de chuvas, a água deposita sedimento arenoso entre os blocos. Foi realizada uma limpeza em toda a área abrigada, retirando-se uma camada de sedimento arenoso depositado pelas chuvas, não se encontrando nenhum material arqueológico.


 Para uma efetiva proteção do entorno e visibilidade do Sítio Arqueológico Algodões, existe a necessidade de uma demarcação de uma zona de preservação rigorosa, com características que deverão ser anexada na legislação municipal vigente.
Tal particularidade justifica-se pelo fato de vândalos já terem destruído parte do referido sítio, inclusive, utilizando dinamite, sob a alegação de que estão procurando minério, em detrimento ao valor cientifico do acervo arqueológico local.

EQUIPE DE APOIO



4 REFERÊNCIAS

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